Arquitetura Corporativa

TOGAF e Adaptive EA: Entenda as diferenças, origens e a evolução da arquitetura corporativa

Publicado em 26 de abril de 2025

Enquanto o TOGAF se consolidou nas últimas décadas como o framework de arquitetura mais utilizado no mundo, conceitos mais recentes como o Adaptive Enterprise Architecture (Adaptive EA) surgem para atender às novas demandas de negócios — cada vez mais digitais, rápidos e dinâmicos, influenciando inclusive as últimas versões do TOGAF.

A prática da arquitetura corporativa está em plena transformação.

A forma como aplicamos as abordagens arquiteturais pode ser a diferença entre um time-to-market de semanas ou meses, entre lançar uma solução ainda relevante ou perder a janela de oportunidade para a concorrência. Mais do que isso, ela impacta diretamente a capacidade de atender requisitos de negócio, assegurar atributos de qualidade, gerenciar riscos e enfrentar restrições concretas de custo e prazo — sem perder o alinhamento com a visão estratégica de futuro.

Nesse novo cenário, práticas como o reuso de building blocks arquiteturais, o uso de Packaged Business Capabilities (PBCs) e a construção de um Composable Business tornam-se fundamentais. Organizações que estruturam suas arquiteturas de forma modular e adaptativa conseguem responder mais rapidamente às mudanças, recompor processos e criar novas ofertas sem depender de grandes projetos de transformação.

💡 No cenário atual, a abordagem arquitetural adotada não determina apenas a qualidade do produto — ela impulsiona a capacidade de adaptação e a evolução contínua do negócio.

Entender essas abordagens, suas origens e como aplicá-las de maneira inteligente é essencial para arquitetos, líderes e organizações que buscam construir um futuro mais adaptável, estratégico e resiliente.


O que é TOGAF?

O TOGAF (The Open Group Architecture Framework) foi criado em 1995 pelo The Open Group, derivado do projeto TAFIM, desenvolvido originalmente pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

Seu objetivo é estruturar o desenvolvimento de arquiteturas corporativas robustas e bem definidas, divididas em quatro domínios principais: Negócios, Aplicações, Dados e Tecnologia.

O núcleo do TOGAF é o ADM (Architecture Development Method) — um ciclo de desenvolvimento em fases que orienta desde a situação atual (Baseline Architecture) até a arquitetura desejada (Target Architecture) e o planejamento da transformação.

Historicamente, o TOGAF se destacou como ideal para:

  • Ambientes de alta estabilidade e forte regulação;

  • Projetos de transformação de grande porte;

  • Estruturas organizacionais que exigem governança formal.

É comum em setores como finanças, governo, manufatura e telecomunicações.


O que é Adaptive Enterprise Architecture?

O conceito de Adaptive EA surgiu em 2016 no meio acadêmico com Timo A. Korhonen, Jean-Sébastien Lapalme, John McDavid e Alistair Gill. Em 2017, a Gartner impulsionou o modelo como resposta às empresas digitais em rápida evolução.

Embora “Arquitetura Corporativa Adaptativa” seja a tradução literal, usamos o termo em inglês por ser o mais reconhecido internacionalmente.

O Adaptive EA parte da premissa de que, em um mundo dinâmico, a arquitetura deve ser viva, evolutiva e orientada a resultados de negócio.

Essa abordagem transforma o papel da arquitetura:

  • De projetos grandes e fixos para uma prática contínua que responde a novas necessidades conforme surgem.

  • A arquitetura é desenvolvida incrementalmente, em ciclos curtos e ligados à inovação do negócio.

Importante: Adaptive EA não elimina a arquitetura-alvo, mas trata-a de forma modular e flexível, adaptando-se em tempo real.


Princípios do Adaptive EA:

  • Foco em Business Capabilities como centro da arquitetura;

  • Entrega de valor arquitetural em ciclos curtos;

  • Feedback contínuo entre tecnologia, operação e estratégia;

  • Governança leve e contextual.


Principais diferenças: TOGAF x Adaptive EA

O TOGAF foca em planejamento controlado — ideal para ambientes estáveis.
O Adaptive EA foca em habilitar mudanças contínuas — ideal para contextos digitais e incertos.

Resumo:

  • TOGAF tradicional: transformação ampla, previsível e regulada.

  • Adaptive EA: mudanças incrementais e adaptativas.

Saber combinar essas abordagens é a chave para arquiteturas modernas.


Evolução do TOGAF

O TOGAF evoluiu ao longo dos anos, especialmente com a versão 10, para incluir modularidade, foco em capacidades e maior flexibilidade.

Lição: frameworks tradicionais também podem evoluir.


Adaptive EA e Agilidade: uma analogia

  • Backlog de Produto (Scrum) → Backlog de Capabilities

  • Sprint de Entrega → Incremento arquitetural

  • Revisão e Retrospectiva → Feedback e adaptação da arquitetura

Tal como o Scrum traz agilidade à entrega de produtos, o Adaptive EA traz agilidade à arquitetura organizacional.


Impacto no dia a dia do arquiteto

  • TOGAF tradicional: roadmaps longos e processos formais

  • Adaptive EA: ciclos curtos, foco em valor e resposta rápida

Essa mudança transforma o arquiteto de guardião de planos fixos para habilitador de mudanças ágeis.


Reflexão final

💡 Arquitetos modernos precisam dominar o rigor do planejamento e a fluidez da adaptação.

O futuro pertence a quem integra tradição e agilidade, transformando a arquitetura em um verdadeiro motor da inovação.


Referências

  • TOGAF Standard, 10th Edition – The Open Group

  • Adaptive EA for the Future – Korhonen et al. (IEEE, 2016)

  • Gartner – Adaptive EA Governance

  • Produtizando Capabilities

  • Packaged Business Capabilities

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